domingo, 7 de junho de 2009

ATALHOS

Quanto tempo a gente perde na vida?

Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos inteiros. Sim, depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar, etc. E aí mais tarde demora pra entender certas coisas.

Demora, também, pra dar o braço a torcer. Viramos adolescentes (aborrecentes) teimosos e dramáticos. E levamos um século para aceitar o fim de uma relação. E outro século para abrir a guarda para um novo amor.

Quando, já adultos, demoramos para dizer a alguém o que sentimos. Demoramos para perdoar um amigo. E demoramos para tomar uma decisão. Até que um dia a gente faz aniversário.
37 ou 41 anos. Talvez 50 e tal...

Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto.

E só aí a gente descobre que o nosso tempo não pode continuar sendo desperdiçado.
Fazendo uma analogia com o futebol, é como se a gente estivesse com o jogo empatado, no segundo tempo, e ainda se desse ao luxo de atrasar a bola pro goleiro. Ou fazer tabelas desnecessárias. Quanto esbanjamento. E esquecemos que não falta muito pro jogo acabar...
Sim, é preciso encontrar logo o caminho do gol.

Sem muita frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso.

Pois tudo o que a gente quer, depois de uma certa idade, é ir direto ao assunto.

Excetuando-se no sexo, onde a rapidez não é louvada, pra todo o resto é melhor atalhar. E isso a gente só alcança com alguma vivência e maturidade.

Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando.

Não esperam sentadas, não ficam dando voltas e voltas.

E não necessitam percorrer todos os estágios.

Queimam etapas. Não desperdiçam mais nada.

Uma pessoa é sempre bruta com você? Não é obrigatório conviver com ela.

O cara está enrolando muito?

Beije-o primeiro e veja se ele, realmente, interessa e transmite algum sentimento.

A resposta do emprego ainda não veio? Procure outro enquanto espera.

Paciência só para o que importa de verdade.

Paciência para ver a tarde cair.

Paciência para degustar um cálice de vinho.

Paciência para a música e para os livros.

Paciência para escutar um amigo.

Paciência para aquilo que vale nossa dedicação.

Pra enrolação, um atalho.

O maior possível!



Martha Medeiros

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