quinta-feira, 2 de julho de 2009

FAZER 30 ANOS

QUATRO pessoas, num mesmo dia, me dizem que vão fazer 30 anos. E me anunciam isto com uma certa gravidade. Nenhuma está dizendo: vou tomar um sorvete na esquina, ou: vou ali comprar um jornal. Na verdade estão proclamando: vou fazer 30 anos e, por favor, prestem atenção, quero cumplicidade, porque estou no limiar de alguma coisa grave.

Antes dos 30 as coisas são diferentes. Claro que há algumas datas significativas, mas fazer 7, 14, 18 ou 21 é ir numa escalada montanha acima, enquanto fazer 30 anos é chegar no primeiro grande patamar de onde se pode mais agudamente descortinar.
Fazer 40, 50 ou 60 é um outro ritual, uma outra crônica, e um dia eu chego lá. Mas fazer 30 anos é mais que um rito de passagem, é um rito de iniciação, um ato realmente inaugural. Talvez haja quem faça 30 anos aos 25, outros aos 45, e alguns, nunca. Sei que tem gente que não fará jamais 30 anos. Não há como obrigá-los. Não sabem o que perdem os que não querem celebrar os 30 anos. Fazer 30 anos é coisa fina, é começar a provar do néctar dos deuses e descobrir que sabor tem a eternidade. O paladar, o tato, o olfato, a visão e todos os sentidos estão começando a tirar prazeres indizíveis das coisas. Fazer 30 anos, bem poderia dizer Clarice Lispector, é cair em área sagrada.

Até os 30, me dizia um amigo, a gente vai emitindo promissórias. A partir daí é hora de começar a pagar. Mas também se poderia dizer: até essa idade fez-se o aprendizado básico. Cumpriu-se o longo ciclo escolar, que parecia interminável, já se foi do primário ao doutorado. A profissão já deve ter sido escolhida. Já se teve a primeira mesa de trabalho, escritório ou negócio. Já se casou a primeira vez, já se teve o primeiro filho. A vida já se inaugurou em fraldas, fotos, festas, viagens, todo tipo de viagens, até das drogas já retornou quem tinha que retornar.

Quando alguém faz 30 anos, não creiam que seja uma coisa fácil. Não é simplesmente, como num jogo de amarelinha, pular da casa dos 29 para a dos 30 saltitantemente. Fazer 30 anos é cair numa epifania. Fazer 30 anos é como ir à Europa pela primeira vez. Fazer 30 anos é como o mineiro vê pela primeira vez o mar.

Um dia eu fiz 30 anos. Estava ali no estrangeiro, estranho em toda a estranheza do ser, à beira-mar, na Califórnia. Era um homem e seus trinta anos. Mais que isto: um homem e seus trinta amos. Um homem e seus trinta corpos, como os anéis de um tronco, cheio de eus e nós, arborizado, arborizando, ao sol e a sós.

Na verdade, fazer 30 anos não é para qualquer um. Fazer 30 anos é, de repente, descobrir-se no tempo. Antes, vive-se no espaço. Viver no espaço é mais fácil e deslizante. É mais corporal e objetivo. Pode-se patinar e esquiar amplamente.

Mas fazer 30 anos é como sair do espaço e penetrar no tempo. E penetrar no tempo é mister de grande responsabilidade. É descobrir outra dimensão além dos dedos da mão. É como se algo mais denso se tivesse criado sob a couraça da casca. Algo, no entanto, mais tênue que uma membrana. Algo como um centro, às vezes móvel, é verdade, mas um centro de dor colorido. Algo mais que uma nebulosa, algo assim pulsante que se entreabrisse em sementes.

Aos 30 já se aprendeu os limites da ilha, já se sabe de onde sopram os tufões e, como o náufrago que se salva, é hora de se autocartografar. Já se sabe que um tempo em nós destila, que no tempo nos deslocamos, que no tempo a gente se dilui e se dilema. Fazer 30 anos é como uma pedra que já não precisa exibir preciosidade, porque já não cabe em preços. É como a ave que canta, não para se denunciar, senão para amanhecer.

Fazer 30 anos é passar da reta à curva. Fazer 30 anos é passar da quantidade à qualidade. Fazer 30 anos é passar do espaço ao tempo. É quando se operam maravilhas como a um cego em Jericó.

Fazer 30 anos é mais do que chegar ao primeiro grande patamar. É mais que poder olhar pra trás. Chegar aos 30 é hora de se abismar. Por isto é necessário ter asas, e sobre o abismo voar. (13.10.85)


Texto extraído do livro "
A Mulher Madura" - Affonso Romano Sant'Anna


BATE PAPO

Podemos ver que o tempo alterou a realidade descrita por Sant’Anna. A vida mudou nesses mais de 20 anos, e o que antes fazia parte do contexto que educava os jovens para rapidamente definirem suas profissões e logo assumirem as responsabilidades de uma família, agora aponta para estimular mais atenção dedicada aos estudos e construção sólida de carreira. Hoje a configuração das relações também mudou, mas principalmente, a mulher ganhou espaço e projeção, adiando a construção da vida a dois. O casal também se estrutura mais antes de ter filhos e multiplicar as suas funções e deveres. Os jovens escolhem esticar o tempo, os mais velhos, a aproveitá-lo de maneiras diferentes, como a inclusão de cursos, viagens, oportunidades de crescimento no âmbito profissional e pessoal.

Mas as pertinentes colocações que faz sobre o que inaugura a idade dos 30, são legítimas, e atuais. Todas as questões que lembrou de abordar são visíveis, contudo, ele resume o principal: ficam para trás as atitudes condescendentes, compreende-se que a maturidade já assumiu o controle – ou deveria assumir – de nossas ações.

domingo, 21 de junho de 2009

A PESSOA "REAL"

Não há uma pessoa real, verdadeira e fixa dentro de você ou de mim, simplesmente porque ser uma pessoa implica sempre tornar-se uma pessoa, estar num processo. Ser uma pessoa é o que

penso

julgo

sinto

valorizo

honro

estimo

amo

detesto

temo

desejo

espero

acredito

e me comprometo com.

Estes são os aspectos que definem a minha pessoa em processo de mudança constante. A não ser que a minha mente e meu coração estejam irremediavelmente bloqueados, todos esses aspectos que me definem estão sempre mudando.

Minha pessoa não é como um disco rígido dentro de mim ou uma pequena estátua permanente e fixa; pelo contrário, ser pessoa implica um processo dinâmico. Em outras palavras, se você me conheceu ontem, por favor não pense que sou a mesma pessoa que você encontra hoje.

Experimentei mais a vida, encontrei novos sentimentos naqueles a quem amo, sofri, rezei e estou diferente.

Por favor, não me atribua um “valor médio”, fixo e irrevogável, porque estou sempre alerta, aproveitando as oportunidades do dia-a-dia. Aproxime-se de mim, então, com um senso de descoberta; estude minha face, minhas mãos, minha voz e procure pelos sinais de mudança: é certo que mudei.


John Powell



BATE PAPO

Certamente a primeira sentença do autor de "Por que tenho medo de lhe dizer quem sou?" causa assombro se pensarmos que a negação de sermos “pessoas verdadeiras” sugira falsidade no jeito de ser, mas na seqüência o entendimento inevitável nos socorre porque deixa claro que se trata da discussão “mudança”, indicando que não somos estáticos, e a flexibilidade de nosso ser maior não só nos permite como estimula o crescimento constante, o processo inalterável de mudança ao qual estamos submetidos por vocação evolutiva. Não somos hoje o que éramos ontem, nem seremos amanhã o que hoje somos é uma metáfora que fala dessa transformação que nos imprime o caráter mutável, a maleabilidade que nos permite experimentar o novo, explorar a vida dentro das infinitas possibilidades que existem em nós, para nós.

Não se trata de ser volúvel ou não ter constância, porque os valores e as crenças pessoais sempre norteiam a gente; o que ocorre é a abertura saudável que quebra a rigidez que acaba por nos transformar em pessoas infelizes porque aborta todo o potencial realizador que temos dentro de nós pelo medo de arriscar mudanças saudáveis, conhecer outras formas de pensar, ouvir o coração e seguir nossos sentimentos. Isso nos faz mudar a direção, quando percebemos que estamos nos transformando em seres cruéis, frios, ausentes, críticos, juízes, inflexíveis, infelizes.

Que bom que podemos, devemos e mudamos, porque isto nos liberta da impossibilidade de mudar para melhor, de crescer e ser mais gente, compreender o mundo como aliado e as pessoas como parceiras, compartilhar melhores sentimentos e comportamentos que nos tornam mais felizes. Você não concorda?

sábado, 20 de junho de 2009

ENCERRANDO CICLOS

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.

Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos. O que importa é deixar, no passado, os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.

Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos, seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã. Todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará. Não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração, e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora, soltar, desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto, às vezes ganhamos e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda. Isso o estará apenas envenenando e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo. Diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa. Nada é insubstituível. Um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerre ciclos, não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira, deixe de ser QUEM ERA e se transforme em QUEM VOCÊ É.

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.



Sonia Hurtado


BATE PAPO


A tendência ao apego é sinônima do conforto que o conhecido nos trás. Para deixar ir – mesmo tendo a consciência de que acabou, não faz mais parte dos sonhos, não corresponde aos nossos desejos nem preenche nossos corações – é preciso desapegar-se, perdoar, compreender, aceitar e buscar novos caminhos, outras possibilidades. A vida é feita de ciclos de vida, onde uma etapa segue a outra já cumprida, terminada, viabilizando o crescimento de todos nós, que sempre teremos aprendido com cada situação, pessoa ou fato envolvendo as experiências tidas. Resignar-se ao fim de um relacionamento é aceitar o término de algo bonito que existiu, mas não existe mais, arquivando na memória afetiva tudo que foi vivenciado, mantendo o sentimento de gratidão pela pessoa que nos possibilitou sentir amor, aprendeu consigo e jamais poderá deixar de lembrá-la entre seus tesouros mais preciosos.

A perda de um emprego pode ser apenas um capítulo de aprendizado, de aprimoramento para um futuro mais promissor, por isso não cabe o medo de não conseguir outra colocação, nem se deve esquecer que toda oportunidade vivida é caminho trilhado, que trouxe um ganho.

Amizades que terminam podem ter sido pontes maravilhosas, deixado momentos únicos de uma troca que foi genuína, mas uma vez cumprido seu papel, aquele vínculo permite novos vôos, alicerça as escaladas futuras, abre horizontes, aponta saídas. Por que ver com sentimento negativo o que pode ser indicio de algo grandioso, que tanto deixa valores como permite novas e diferentes vivências?

Crescer é sair da zona de conforto da casa paterna, trocar de chefe, abrir o próprio negócio, fazer novos amigos, ter novos amores. Desapego e receptividade ao novo: dois elementos que ajudam a escrever novos capítulos em nossas existências. Coragem para cortar os elos, firmeza para não fechar os olhos ao que insiste em acontecer, serenidade para guardar as belezas que viveu sem mágoas – ainda que só você as valorize e decida guardar no calor de seu coração – olhos adiante e coração aberto, porque a vida não pára!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

INDEPENDÊNCIA OU MORTE

Tem uma série de coisas que a gente deseja na vida: uma profissão que nos realize, uma intensa vida afetiva, viagens, amigos, descobertas.

Mas se eu tivesse que resumir em uma única palavra o que considero a mais importante conquista, esta palavra seria: INDEPENDÊNCIA.

No dia 7 de Setembro comemora-se a Independência do Brasil. No entanto, prefiro comemorar a minha, a sua, a nossa.

Não há quem não sonhe em trabalhar por conta própria, ser patrão de si mesmo. Os que conseguem, não trocam por nada. Como conseguir isso? Dominando um ofício, indo além do que os outros aprenderam, fazendo as coisas do seu próprio jeito, arriscando. Parece difícil...e é.

E mais difícil ainda ser independente no amor. Paixão não entra nessa conversa. Quando estamos apaixonados somos todos dependentes de telefonemas, de e-mails, de declarações, de presença constante. Já o amor, que é um estágio posterior, mais sereno e seguro que a paixão, permite o desenvolvimento da independência. Você não precisa estar em todos os lugares que seu amor está, você não precisa concordar com tudo que ele pensa, você não precisa abdicar de todos os teus projetos, você se sustenta, você conta, você existe. Tem gente que não abra mão disso por puro comodismo. Prefere ser uma sombra, um sparing. Defende-se dizendo que não tem outro jeito. Mentira. É uma escolha. Ir sozinha ao cinema, pagar suas dívidas, viajar, dirigir, não afligir-se(tanto) com a opinião alheia. Saber cozinhar pra si mesma, entreter-se com hábitos solitários como a leitura, pegar um táxi, resolver os próprios problemas, tomar decisões com confiança. Não “precisar” dos outros, e sim contar com os outros para aquilo em que são insubstituíveis: companhia, sexo, risadas, amizade, conforto.

Se você ainda não atingiu este estágio, suba num cavalo imaginário e dê seu grito do Ipiranga.

Ficar amarrada à vida alheia faz você viver menos a sua.

Nada de fazer-se de desentendida só para não se incomodar.

Incomode-se.

DEPENDÊNCIA É MORTE.


Atribuído a Martha Medeiros


A SOLIDÃO AMIGA

Texto de Rubem Alves citando outros pensadores ao costurar uma bela reflexão sobre o devastador tema, a solidão.

Fica a sugestão e o convite para pensar no assunto...

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http://www.rubemalves.com.br/asolidaoamiga.htm

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domingo, 7 de junho de 2009

SENSIBILIDADE DEMAIS

Na hora de listar as qualidades que a gente quer encontrar nas pessoas com quem iremos nos relacionar vida afora, está lá a indefectível “sensibilidade”. A gente quer que o patrão seja sensível e não um grosso. A gente quer que nossa amiga seja sensível e não um trator. A gente quer - e como quer! - que nosso namorado seja sensível e não um machista brucutu.

Encontrar sensibilidade nos outros é meio-caminho andado para o entendimento. E sermos, nós mesmos, sensíveis, também é um filtro bem-vindo, é a sensibilidade que permite nossa comoção diante de um quadro, de uma música, de um amor que nos arrebata ou de uma perda irreversível. Mas admito que sinto uma certa inveja daquelas pessoas que são sensíveis mas não se tornam vítimas da própria emoção. Porque sensibilidade demais esgota a gente.

Tem horas em que o filtro não filtra coisa nenhuma: permite que a gente seja atingido profundamente por coisas que mereceriam menos entrega. Cultivamos mágoas por coisas que nos aconteceram 15 anos atrás, remoemos culpas que já foram mais que perdoadas e esquecidas, temos nosso sistema nervoso totalmente abalado porque alguém compreendeu mal nossas palavras, sofremos por questões insolúveis, sofremos, sofremos, e sofrer dá uma senhora consistência à nossa vida, mas como cansa.

Às vezes me farto dos ideais que persigo e que, por serem ideais, nunca se concretizarão plenamente. A vida é defeituosa, imprevisível, nada é exatamente como a gente gostaria que fosse - e sensibilidade é algo que faz a gente aceitar isso e ser feliz do mesmo jeito. Já sensibilidade demais dá nos nervos e fatiga à toa. Uma certa frieza nos faz andar mais rápido, não nos retém.

Como se mede, se pesa, se percebe a sensibilidade suficiente e a sensibilidade excessiva? No quanto ela joga a nosso favor ou contra. Sensibilidade suficiente refina você, lhe dá um foco na vida. Já a sensibilidade excessiva faz de você protagonista de um dramalhão mexicano. Temos escolha? Não se escolhe, é o que se é. Os que são sensíveis na medida aproveitam a vida sem duras cobranças internas. Já a turma dos excessivos pega canetas, câmeras, pincéis, sapatilhas, instrumentos, e transforma o excesso em arte. Ou faz besteiras. Cada um encontra onde colocar sua sensibilidade, uns com leveza, outros com fartão de si mesmos. Os únicos que seguem não entendendo nada são os insensíveis.


Martha Medeiros