Não há uma pessoa real, verdadeira e fixa dentro de você ou de mim, simplesmente porque ser uma pessoa implica sempre tornar-se uma pessoa, estar num processo. Ser uma pessoa é o que
penso
julgo
sinto
valorizo
honro
estimo
amo
detesto
temo
desejo
espero
acredito
e me comprometo com.
Estes são os aspectos que definem a minha pessoa em processo de mudança constante. A não ser que a minha mente e meu coração estejam irremediavelmente bloqueados, todos esses aspectos que me definem estão sempre mudando.
Minha pessoa não é como um disco rígido dentro de mim ou uma pequena estátua permanente e fixa; pelo contrário, ser pessoa implica um processo dinâmico. Em outras palavras, se você me conheceu ontem, por favor não pense que sou a mesma pessoa que você encontra hoje.
Experimentei mais a vida, encontrei novos sentimentos naqueles a quem amo, sofri, rezei e estou diferente.
Por favor, não me atribua um “valor médio”, fixo e irrevogável, porque estou sempre alerta, aproveitando as oportunidades do dia-a-dia. Aproxime-se de mim, então, com um senso de descoberta; estude minha face, minhas mãos, minha voz e procure pelos sinais de mudança: é certo que mudei.
John Powell
BATE PAPO
Certamente a primeira sentença do autor de "Por que tenho medo de lhe dizer quem sou?" causa assombro se pensarmos que a negação de sermos “pessoas verdadeiras” sugira falsidade no jeito de ser, mas na seqüência o entendimento inevitável nos socorre porque deixa claro que se trata da discussão “mudança”, indicando que não somos estáticos, e a flexibilidade de nosso ser maior não só nos permite como estimula o crescimento constante, o processo inalterável de mudança ao qual estamos submetidos por vocação evolutiva. Não somos hoje o que éramos ontem, nem seremos amanhã o que hoje somos é uma metáfora que fala dessa transformação que nos imprime o caráter mutável, a maleabilidade que nos permite experimentar o novo, explorar a vida dentro das infinitas possibilidades que existem em nós, para nós.
Não se trata de ser volúvel ou não ter constância, porque os valores e as crenças pessoais sempre norteiam a gente; o que ocorre é a abertura saudável que quebra a rigidez que acaba por nos transformar em pessoas infelizes porque aborta todo o potencial realizador que temos dentro de nós pelo medo de arriscar mudanças saudáveis, conhecer outras formas de pensar, ouvir o coração e seguir nossos sentimentos. Isso nos faz mudar a direção, quando percebemos que estamos nos transformando em seres cruéis, frios, ausentes, críticos, juízes, inflexíveis, infelizes.
Que bom que podemos, devemos e mudamos, porque isto nos liberta da impossibilidade de mudar para melhor, de crescer e ser mais gente, compreender o mundo como aliado e as pessoas como parceiras, compartilhar melhores sentimentos e comportamentos que nos tornam mais felizes. Você não concorda?